sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Meu eu mais lírico...

Oláááá, como estão nessa sexta-feira chuvosa e aconchegante? *_*

Eu estou ótima, e sei que hoje nada me tira do sério porque a partir das 17:00h de hoje posso cantarolar: Férias! iuuuupi! (Estou aceitando convites, sugestões, convocações e o que mais tiver que ser!)

E para completar esse ânimo, resolvi trazer hoje um dos textos de um escritor muito aclamado na literatura brasileira...





... ok, ok; resolvi trazer um texto meu (publicado no Óbvio Utópico em 16/12/2009).



Discos mudos


"E aquele retrato ainda está aceso aqui na minha lembrança, todos os sons, risos e mares que nos consumiam, que nos tomavam e nos faziam ser aqui e ali. Lembrando dos momentos em que você e eu nos descobrimos apenas um, um mar de saudade e um luar repleto de palavras que me faziam delirar. Recuperei o gosto da sua boca na minha, a me falar em sons mudos todos os seus sentimentos, enquanto que eu apenas conseguia fechar os olhos e me fazer sua, completamente entregue a seus sorrisos e nossos abraços. Agora fica a saudade, saudade dessas lembranças, saudade do seu cheiro que ainda está em mim. Olhando para meu travesseiro consigo me lembrar de você deitado, com os olhos semicerrados a me fitar, a me devorar. Fazendo-me ter certeza de que mesmo na vastidão do universo, nada está propenso a ser além, além dos nossos amores e nossas canções.
Os vultos da madrugada testemunham cada sussuro de uma conversa travada à meia luz, guardando todas as sensações de um dia de mar, um mar de querer, quereres em dualidade. Te procurei nas páginas do meu livro, enquanto meu telefone não me trazia de volta sua voz rouca após aquele whisky que tomara para afundar a melancolia da distância causada pela brisa que partira meu coração em fragmentos de ardor. Enquanto aguardava a escuridão tomar meu corpo e me adormecer, peguei meu livro manchado e te procurei nas páginas amassadas, retratos de aluguel. Olhei para os discos de bossa nova e não pude deixar de tocá-los, mas só meus ouvidos não os ouvia, ecoando sempre aquela imensidão de vazio, que apenas sua ausência é capaz de gerar.
Fechei os olhos mais uma vez e te idealizei ali, a me segurar entre mãos e pernas. Me perdi enquanto explorava seus devaneios, sentindo sua urgência, lhe sussurei a falta que me fez e vi seus lábios se moverem em resposta aos meus cabelos em seu rosto, mas não conseguia ouví-los, pareciam distantes, ecos mudos. Mas você ainda estava ali e eu conseguia lhe tocar, resolvi então viver naquele abraço e me fazer sua. Perdi o fôlego quando consegui enfim ouvir um som e então, abri os olhos e vi o sol."



Então é isso... Se gostaram, obrigada. Se não gostaram... Bem, não gostaram! :P

Beijos para todos ;*

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