Após destrinchar a fórmula que Dan Brown utiliza para escrever seus Best Sellers, aplicamos o método em uma história que se passa no Brasil. Os principais elementos contidos nos livros do escritor estão presentes na história a seguir. Este é um texto de ficção. Os eventos citados não são reais. Os nomes dos personagens foram utilizados para fins humorísticos.
Cena 1
Rio de Janeiro, 13 de julho de 2009, 20h17. O corpo do cortador de grama Manuel Bueno Parrudo é encontrado em um anexo da sala do almoxarifado do estádio do Maracanã. Ele trabalhava há mais de 40 anos no local e conhecia todos os cantos do complexo. A polícia fluminense logo descartou a hipótese de acidente. Manuel apresentava claros sinais de asfixia e havia vestígios do crime por toda a sala. Gavetas reviradas, papéis queimados e farelos de biscoito Globo sobre a bancada.
Convidado para uma palestra sobre semiótica na Pontifícia Universidade Católica do Rio, o professor Robert Langdon aproveitava seus últimos dias na Cidade Maravilhosa. Em companhia de uma prima distante, visitava o Museu do Futebol, no Maracanã, quando deparou com a cena do assassinato.
Ao entrar na sala do crime, notou que a máquina utilizada para aparar a grama do estádio ainda estava suja. Dirigiu-se às cabines de imprensa. Do alto, pôde ver a seta desenhada no gramado. Ela apontava para uma das bandeirinhas de escanteio. Langdon desceu as escadas rapidamente e entrou no corredor que dá acesso à geral. Invadiu o campo vazio e escavou o local apontado. Com as mãos sujas de terra e grama, encontrou um papel amassado com uma frase aparentemente sem sentido: “Lagarto antes Sedosa, hora venenoso.”.
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Cena 2
Rio de Janeiro, 14 de julho de 2009, 2h34. Lagndon passa a noite em claro tentando decifrar a frase ambígua. Desce ao bar do Hotel Copacabana Palace para espairecer e pede um suco de cupuaçu. Encontra a ex-jogadora Milene Domingues e resolve desabafar. Chocada com o crime, Milene revela que Parrudo era como um pai pra ela e se compromete a ajudar na investigação. Langdon mostra o bilhete a Milene. Eles discutem durante horas, mas não chegam a nenhuma conclusão. O dia já está raiando, quando o professor percebe que a frase é um anagrama. Após inúmeras tentativas, chega ao enigma original: “O Santo Graal está onde só o Senhor vê”.
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Cena 3
Rio de Janeiro, 14 de julho de 2009, 7h05. Langdon e Milene pegam um táxi e seguem para o Corcovado. Burlam a segurança e invadem a maior estátua de Cristo do mundo. De mãos dadas, sobem as escadas que levam à cabeça do monumento. Notam uma pequena portinhola no olho direito do Cristo Redentor. Cuidadosamente, Langdon abre o compartimento e encontra o que brasileiros procuram há décadas: a taça Jules Rimet.
O troféu foi roubado duas vezes na história. A primeira, no dia 20 de Março de 1966, durante a Copa da Inglaterra, vencida pelos ingleses. Após os três títulos conquistados pelo Brasil (58, 62, 70) a taça veio definitivamente para o País do Futebol. No dia 20 de dezembro de 1983, o troféu foi roubado pela segunda vez da sede da Confederação Brasileira de Futebol. Durante anos, especulou-se que a taça havia sido derretida, mas Langdon desvendou o mistério e encontrou o mais importante símbolo das conquistas futebolísticas brasileiras.
Ainda empolgada com a descoberta, Milene percebe uma pequena abertura na parte inferior da Jules Rimet. Ela gira a base da estátua e encontra uma espécie de pergaminho que revela uma grande conspiração para controlar o futebol mundial. Os vencedores das Copas do Mundo se alternavam entre sul-americanos e europeus desde a competição de 1966, quando a taça foi roubada pela primeira vez e os ingleses, inventores da modalidade, sagraram-se campeões do mundo. E o mais incrível: o velho documento apontava que o Brasil seria campeão da Copa do Mundo da África do Sul, em 2010, mas perderia pela segunda vez a Copa do Mundo em casa, em 2014:
Os Confrades da Bola de Fogo
1966 (Inglaterra/Europa) – Campeão: Inglaterra (europeu)
1970 (México/América) – Campeão: Brasil (sul-americano)
1974 (Alemanha/Europa) – Campeão: Alemanha (europeu)
1978 (Argentina/América) – Campeão: Argentina (sul-americano)
1982 (Espanha/Europa) – Campeão: Itália (europeu)
1986 (México/América) – Campeão: Argentina (sul-americano)
1990 (Itália/Europa) – Campeão: Alemanha (europeu)
1994 (Estados Unidos/América) – Campeão: Brasil (sul-americano)
1998 (França/Europa) – Campeão: França (europeu)
2002 (Coréia do Sul e Japão/Ásia) – Campeão: Brasil (sul-americano)
2010 (África do Sul/África) - Campeão: Brasil (sul-americano)
2014 (Brasil/ América) - Campeão: França (europeu)
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Cena 4
Rio de Janeiro, 15 de julho de 2009, 13h22. Langdon decide levar a Jules Rimet ao Museu de Futebol, no Maracanã, e entrega ao ex-presidente da FIFA, João Havelange. Aparentemente feliz com o retorno da taça, ele diz que vai protegê-la e a coloca em uma redoma de vidro no pavilhão central do local.
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Cena 5
Rio de Janeiro, 16 de julho de 2009, 15h15. Langdon vai com Milene ao Pão de Açúcar para aproveitar seus últimos dias no Brasil. O dia está nublado e eles são os únicos passageiros do bondinho. Pouco antes de a porta fechar, Daniela Cicarelli, ex-mulher do atacante Ronaldo, entra no bondinho. Langdon logo nota o saco de biscoitos Globo em sua bolsa. Assustada com a repentina aparição da modelo, Milene pergunta:
- O que você está fazendo aqui?
Cicarelli apenas diz:
- Vocês foram longe demais!
A modelo ataca Milene com seus lábios carnudos. A loira se esquiva e desfere um golpe na nuca de Cicarelli. Uma agarra o cabelo da outra. Langdon assiste atônito, ouvindo gritos de “ele era meu”, sem compreender o que está acontecendo. O bonde balança. Mais ágil, Milene derruba e domina Cicarelli. A dupla conduz a ex-mulher de Ronaldo à delegacia.
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Cena 6
Rio de Janeiro, 16 de julho de 2009, 20h11. Na delegacia, Cicarelli abre o jogo. Fala sobre a Ordem dos Confrades da Bola de Fogo, sociedade secreta que decide quem ganha e quem perde no futebol mundial desde a Copa do Mundo de 1966. Ela confessa que foi convocada para desestabilizar o atacante Ronaldo nas Copas de 1998 e 2006. Além disso, ainda assume o assassinato do cortador de grama Manuel Bueno Parrudo a pedido da organização e diz: “Ele sabia demais!”. Queima de arquivo, exatamente como Langdon suspeitava. Apesar da pressão dos investigadores, Daniela não revela a hierarquia da sociedade secreta.
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Cena 7
Rio de Janeiro, 16 de julho de 2009, 22h33. Langdon e Milene decidem voltar ao estádio do Maracanã para falar com João Havelange. Ao entrar no salão principal do Museu do Futebol, deparam com uma cena sombria. Ajoelhado, o velho João Havelange contempla a taça Jules Rimet. Eles contam ao senhor de 93 anos de idade tudo o que acabou de acontecer. Ele não esboça reação. Milene e Langdon se entreolham. Langdon observa a a semelhança entre a face esculpida na taça e o rosto do ex-soberano da FIFA. Justo ele! A quem eles tinham confiado a segurança do troféu – João Havelange é o Venerável Mestre Cartola da Ordem dos Confrades da Bola de Fogo. Com ira nos olhos, Havelange revela a hierarquia da organização secreta:
Venerável Cartola: João Havelange
Cartola Mestre: Ricardo Teixeira, Joseph Blatter e outros presidentes de federações
Cartola Conselheiro: Eurico Mirando, Alberto Dualib, Márcio Braga, Luiz Gonzaga Belluzzo e outros presidentes de clubes
Cartola Aspirante: Emerson Leão, Vanderlei Luxemburgo, Diego Maradona e outros técnicos de futebol
Havelange abre calmamente os botões do paletó e tira uma pistola de ouro. Milene grita, enquanto Langdon tenta se proteger do outro lado do pavilhão. Havelange dispara. Langdon se atira no chão e bala atinge a Jules Rimet. A agonia de Havelange ao ver o troféu despedaçado deixa tudo mais claro para Langdon. Era ele quem manipulava os resultados do futebol mundial desde 1966. Ele tenta se matar, mas é impedido por Milene Domingues. Havelange é detido pela polícia, mas antes de entrar no camburão, dá seu último e agonizante grito: “O Brasil jamais será campeão mundial em casa!”.
Este é um texto de ficção. Os eventos citados não são reais. Os nomes dos personagens foram utilizados para fins humorísticos.
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Esse texto foi retirado do site da revista época e indicado pelo leitor Dayverson Borges.
Robert Langdon no Rio de Janeiro... Isso daria um best seller. Poderia ser escrito tanto pelo Dan Brown, quanto pelo Jô Soares.
[Victor Hugo é: Bola de fogo, e o calor tá de matar.]
3 comentários:
Nossa... Eu tinha decidido ler este texto depois... Agora, em meio ao engarrafamento infernal de Niterói, resolvo pegar meu celular e passear nos seus posts... E eis que conseguiu tornar meu tempo "engarrafada" o melhor dos melhores :p E não só o meu, hehe. Fiz leitura interpretativa e o texto fez o maior sucesso! hehe.
Parabéns, mais uma vez... =)
=$
Vcs são podres, eu amei... demais...
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