quarta-feira, 11 de março de 2009

Piscou, já era. Terça do Funk


Eu fiz de tudo para que isso não acontecesse, mas infelizmente não foi o suficiente. Excepcionalmente, Terça do Funk nesta quarta-feira.

Bom, não restou muito para ser dito à respeito do funk dos anos 2000. Ele passou por poucas mudanças até chegar naquilo que você ouve em todo lugar (principalmente no Rio de Janeiro). O funk erótico, que surgiu no final dos anos 90, é o mais popular hoje em dia, apesar do proibidão (aquele das facções) ainda ter um lugarzinho guardado no coração dos funkeiros.

O funk, nos anos 2000, desceu o morro e tomou o asfalto de assalto e, não contente, seguiu até o Galeão e de lá comprou uma passagem de primeira classe para a Europa. Lá ele fez a festa. Em 2005 teve uma união bem feliz com a cantora inglesa மாதங்கி 'மாயா' அருள்பிரகாசம், vulgo M.I.A, na música Bucky Done Gun. União essa que rendeu frutos para as duas partes.

Foi nesse período que o funk começou a ser alvo de estudos acadêmicos. Documentários como "Sou feia mas tô na moda" que conta a história do funk, ao mesmo tempo em que debate o papel da mulher no movimento. Apesar do título do documentário ser o de uma música da Tati Quebra-Barraco, a guia desse tour, proposto pelo filme, é a Deise Tigrona, ou Deise da Injeção, pioneira do funk explícito e famosa pelo hit "tá ardendo mas tá entrando/Arranhando mas tá entrando...".

E as mulheres? O que falar sobre elas?
É, eu não assisti ao documentário ainda, mas posso dizer que ainda hoje nós podemos perceber que a mulher ainda é submissa e que também deu a volta por cima. De um lado vemos a Gaiola das Popozudas, que fazem o homem enlouquecer e mandam a gente latir enquanto eleas passam, no outro temos a "fiel" e a amante discutindo quem é melhor para o homem. A verdade é que o funk continua sendo um pouco machista. Apesar das mulheres terem conquistado o seu lugar, o homem continua sendo o centro das atenções nas letras. Elas parecem estar mais preocupadas com o que fazem os homens fazer do que com qualquer outra coisa.

A questão acima é uma das muitas que o funk levanta. A relação dos Mcs com drogas, associações criminosas, contravenções, as próprias letras que tratam destes temas e de outros, causam debates constantes entre os estudiosos e entre os populares. Hoje o Funk é tocado no morro e nas chopadas universitárias, na casa do preto e na casa do branco, na casa do rico e na casa do pobre. Ele veio para ficar e vai ficar, quer queiram quer não.

Música e cultura, apesar de muita gente dizer que não, o funk é isso, mas também é violência, drogas, obcenidade e etc. Não podemos fazer mais nada além de aprendermos a conviver com ele. Eu aprendi, e você?

[Victor Hugo é: Mágico MC, e representa toda hora]

2 comentários:

Suelen Ronconi disse...

Nos primórdios de explosão do funk (que eu me lembre ou pelo menos quando eu finalmente tive acesso a isso), eu pensei que seria mais uma onda, modinha. E vejam só agora! Vou dizer que nem sou das que mais gostam, tampouco vejo graça num ritmo que só permite rebolar até o chão. Apesar dos muitos que poderiam discordar dessa minha opinião, em sua maioria... homens. Mas é sim um bom tema a ser trabalhado e discutido. Tomar ou não tomar o funk como cultura ou os inúmeros debates que podem ser feitos a partir da perspectiva e do espaço da mulher através da música são realmente assuntos interessantes. E não são muitos que estão dispostos a discutir as questões. Victor, parabéns por isso!

Victor Hugo disse...

Valeu, Su.pimpa!