terça-feira, 3 de março de 2009

Hoje é terça, deixa os garoto brincá!


Antes de mais nada gostaria de pedir desculpas pela falta da Terça do funk na terça passada. Até tentei postar algo aqui, mas a semana que passou foi um pouco conturbada. Porém, estou de volta para dar continuidade ao post sobre a história desse gênero musical tão presente no dia-a-dia do carioca.

Como já foi dito, o funk veio se popularizando no Rio de Janeiro e tomando forma no início da década de 90. As letras passam a falar sobre o cotidiano das comunidades carentes, o ritmo vai ficando cada vez mais popular e os bailes cada vez mais frequentes. Ao mesmo tempo em que vai crescendo, o gênero passa a ser, gradualmente, marginalizado e criticado. Não só pelo fato de ser um estilo "do morro", mas também por causa dos bailes de corredor, onde se abria um corredor no meio do salão que separava o Lado A do Lado B, que se espancavam entre si embalados pelas músicas de exaltação a uma comunidade ou outra. Essas "brigas" resultavam em vítimas (algumas vezes fatais) e repercutiam negativamente na imagem do movimento.

Logo que os bailes foram ameçados de ser proibidos, surgiu a conscientização por parte dos artistas. Os raps passaram a pedir paz nos bailes e a falar de amor. Estava surgindo uma nova vertente do Funk, o funk melody (ou Charme). E quem se atreve a me dizer a diferença entre o charme ou funk?

O Charme era baseado no Freestyle (também Norte-Americano) e era caracterizado por uma batida mais melódica e letras mais românticas. O que popularizou, mais ainda, o estilo. E por culpa de artistas como Latino, Mc Marcinho e o grupo Copacabana Beat, o funk ganhou espaço na grande mídia.

1995 foi "o ano" para o funk carioca. A partir deste ano, as vertentes do estilo começam a ganhar espaço nas rádios AM e na TV, através do programa da Furacão 2000 que era exibido na CNT. Esse período revelou artistas como Claudinho e Buchecha, Cidinho e Doca e equipes de som como Pipo's e Cashbox (que também rendiam alguns tapas na cabeça. Quem era criança na época sabe do que eu estou falando), além de pérolas do "funk das antiga" como Rap do Silva, Rap do Solitário, Estrada da Posse, Eu só quero é ser feliz e por aí vai. Paralelo a isso outro braço do funk estava ganhando popularidade: o, marginalizado desde seu nome, funk proibidão.

O proibidão costumava falar sobre criminalidade ou grupos criminosos específicos, se referindo aos inimigos como "os alemão". Esse estilo era mais reservado aos bailes de comunidade, que logo foram associados ao tráfico de drogas. Músicas como Rap das armas são as pioneiras do proibidão, vertente popular até os dias de hoje.

Além das vertentes citadas acima, no final da década estava surgindo o funk erótico, ramificação que começava a ganhar força no final da década 90. Como o nome já diz, tem letras de conotação sexual.

O funk estava pronto. Agora era só descer do morro em direção à cidade para ser consolidado e ganhar espaço definitivo como manifestação cultural. E como essa descida aconteceu? Só terça que vem.

Na próxima semana: Funk e sociedade: Os anos 2000

[Victor Hugo é: O kit]

2 comentários:

Thiago Escobar disse...

Belo texto, você está me surpreendendo, VH. Parabéns. Só falta escrever músicas desse modo!

renanrbc disse...

Muito BOM!!!