domingo, 13 de setembro de 2009

Morando em São Gonçalo, você sabe como é...

Seu Jorge ficou a pé, e eu, viajante noturno que sou, fico sempre de van. Normalmente saindo da casa da senhorita Ronconi, que vocês conheceram por aqui esses dias, tarde da noite, eu não tenho outra opção senão o transporte alternativo, vulgo piratão.


Acontece é que o Senhor Governador Sérgio Cabral (tudo em maiúsculas), inspirado pela providência divina resolveu entrar em guerra pela 1256748513215° vez contra o serviço não legalizado. Não vou aqui defender a pirataria, longe de mim. Mas sabemos todos que o sistema rodoviário não suporta a demanda, principalmente nos horários mais alternativos - tente você encontrar um 484 Alcântara x Niterói depois de meia-noite

Polêmicas a parte, presenciei há pouco momentos de tensão e comédia a bordo de, uma das agora escassas, vans. Primeiramente, com o perigo eminente de dar de cara com uma blitz ou sei lá o que, o preço da passagem aumentou automaticamente pra 3 reais, um aumento de quase 35%. Ainda sob esse manto do terror urbano instaurado nos coraçõesZinhos dos viajantes, o trajeto foi uma diversão a parte, fazendo valer o tal preço, inclusive.

Como de costume no horário, ao menos aqui no município dormitório, um bêbado dava o tom no bando de trás implicando com o cobrador. Três meninas vestidas para o que podia ser figuração em Tropa de Elite -na parte do baile, obviamente - fofocavam animadamente sobre o tal baile, alheias a tensão do momento. Um motorista de meia idade, falando rápido e dirigindo quase tão rápido completava a cena. Todos os outros eram meros figurantes, e eu, o expectador.

Pouco após a partida surge o primeiro problema, um defeito na porta de correr impedia que ela fosse fechada, o que não impediu o tal cobrador de tentar inúmeras vezes com um pouco mais de força, gerando risos no bêbado e gritos por parte do motorista.

- Vai quebrar essa p#&@!, bigode. Fecha com carinho, c#&*#.

As meninas, ainda alheias, continuavam a discutir sobre algo que eu não captava por completo.

- Vou passar o rádio praquela p&*r$#. Pega o Ne-X-tel aí.
-Fica na tua, Aline. Amanhã tem baile de novo.

Alguns meros minutos depois, problema antigo, nouva roupagem.

- C@%@&#*, BIGODE. ESSA P#$%* NÃO É TUA MÃE, C#$%L*&. VAI COM CALMA NESTA M$%#!
- Po chefe, esse bigode aí precisa comer muito feijão pra arrancar a porta - O bêbado parava de cantarolar um tema antigo de novela pra voltar a implicar com o cobrador.

Durou pouco, após alguns segundos de tentativa Bigode já havia fechado a porta e a viagem continuava.

-Se liga, onti a noite o Marquin passou lá no trabalho, tava chapadão.
-Marquin vive chapado, sequela.

A minha viagem já terminava, com um sutil "Deixa ali no próximo, por favor" eu me dirigi ao motorista, o que Bigode encarou como ofensa pessoal.

-VAI FICAR NO PRÓXIMO O CABELUDO AQUI!

A van parou, paguei, desci. Ainda ouvi antes dela se afastar.

-Esse cabeludo tá tirando contigo, Bigode. Quebra ele! Quebra ele! -pra logo em seguida ouvir a voz do bêbado voltar a melodia mónotona antes de sumir na curva: "Dizem que Roque Santeiro..."

Todas as situações supracitadas são reais, ou não.

#autopromoção @GiantBonsai

2 comentários:

Suelen Ronconi disse...

HUAHUAHUHA Simpatizei com o bêbado. Cada uma que ele passa só para poder ficar um pouquinho mais comigo <3

Nanda disse...

Aqui no NE, se a porta não fecha, a van vai de porta aberta.